O joelho, formado do encontro entre o fêmur, tíbia e patela, é uma articulação complexa que exige flexibilidade e estabilidade ao mesmo tempo.
A estrutura da região é composta por quatro ligamentos, dois meniscos, cartilagem articular e a membrana sinovial, que lubrifica as estruturas através de um líquido.
Diversas lesões como torções, entorses, contusões, traumas ou até mesmo o desgaste podem atingir o joelho, comprometendo a viabilidade das suas estruturas.
No post de hoje, separamos 5 principais lesões no joelho e vamos explicar cada uma delas, além de informar quais são os exames de imagem necessários em cada caso. Quer entender melhor? Então, siga a leitura!
Principais lesões no joelho
1. Lesões no Ligamento Cruzado Anterior
Quem pratica futebol ou gosta de esportes que envolvem saltos, mudanças de direção e movimentos de giro, como basquete e handebol, provavelmente já ouviu falar da lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA). Isso porque o problema é a principal causa de indicação cirúrgica entre atletas.
Na maioria dos casos, a lesão ocorre quando o indivíduo apoia o pé de maneira errada no chão enquanto o corpo faz um movimento súbito de mudança de direção, em uma aterrissagem de salto mal realizada ou após ser desestabilizado por um contato físico com outro atleta, como no futebol, por exemplo. Dessa forma, o pé fica preso no solo e o corpo gira sobre o joelho.
Fatores que aumentam a aderência entre o pé e o solo, como o tipo de calçado esportivo ou a superfície, como grama sintética, podem interferir no risco de lesão.
Eventualmente, a ruptura do ligamento cruzado anterior pode acometer não esportistas, que apenas torcem o joelho em atividades diárias, como em tropeço ou queda.
Lesões no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) são comuns no Brasil, especialmente entre atletas e indivíduos fisicamente ativos. Segundo um estudo publicado no “Brazilian Journal of Orthopaedics”, estima-se que ocorram aproximadamente 40 casos de lesão do LCA por 100.000 habitantes por ano no país. Esta taxa é ligeiramente superior à média global, refletindo a popularidade de esportes de alto impacto como futebol e basquete, que frequentemente resultam em tais lesões.
Globalmente, as lesões do LCA são uma preocupação significativa na medicina esportiva. Conforme dados da “World Health Organization” (WHO), aproximadamente 200.000 casos são registrados anualmente nos Estados Unidos. Na Europa, a incidência é similar, com relatos do “European Journal of Orthopaedic Surgery & Traumatology” indicando cerca de 60 casos por 100.000 habitantes.
Diagnóstico por imagem
Para auxiliar no diagnóstico, o médico poderá solicitar exames de imagem. A radiografia, ainda que não permita a visualização do ligamento cruzado anterior, pode fornecer informações essenciais, como o descarte de lesões ósseas e fraturas. Em fase crônica, auxilia na avaliação de eventual artrose, condição que pode estar associada a lesões ligamentares que tenham sido negligenciadas.
A ressonância magnética é o exame padrão ouro para o diagnóstico da lesão do LCA, pois ajuda a confirmar e detectar eventuais lesões associadas.
Caso Hipotético: João, Jogador de Futebol Amador
João, 30 anos, jogador de futebol amador, sofreu uma lesão no LCA durante uma partida. Ele sentiu uma dor aguda e ouviu um estalo no joelho após uma mudança rápida de direção. Após o incidente, seu joelho ficou visivelmente inchado e ele teve dificuldade para caminhar.
Nos dias seguintes, João experimentou instabilidade no joelho afetado, dificuldade em suportar peso e uma diminuição da amplitude de movimento. A dor e o inchaço persistiram, levando-o a procurar um médico ortopedista.
O diagnóstico confirmou a lesão do LCA através de uma ressonância magnética. Devido à gravidade da lesão, foi recomendada uma cirurgia de reconstrução do LCA, seguida de um extenso programa de fisioterapia.
Este caso ilustra a importância do diagnóstico precoce e da intervenção adequada. Sem tratamento, as lesões do LCA podem levar a complicações a longo prazo, como a instabilidade do joelho e a degeneração da articulação, aumentando o risco de osteoartrite.
2. Luxação Patelar
A luxação patelar nada mais é que o deslocamento da rótula (patela) para o lado de fora do joelho.
A patela é um osso com função de ponto de apoio na frente do joelho e que se articula com a tróclea (sulco na parte da frente do fêmur). Além da tróclea, um conjunto de músculos, tendões e ligamentos contribuem para a estabilização da patela.
É importante ressaltar que nem todas as pessoas estão sujeitas a ter uma luxação patelar, é necessário ter uma anatomia que favoreça isso. Mas, isso não significa que pessoas que não tenham fatores predisponentes não a terão ou que pessoas que possuem necessariamente terão.
Geralmente, o paciente com luxação patelar sente que o osso da frente do joelho saiu e voltou para sua posição, imediatamente. O local fica inchado e dolorido. Em outros casos, a patela pode ficar presa na posição deslocada e o médico a colocará de volta ao lugar.
No Brasil, a luxação patelar é responsável por uma parcela significativa das lesões de joelho tratadas nas clínicas e hospitais. De acordo com um estudo realizado pela “Universidade Federal de São Paulo” (UNIFESP), estima-se que a luxação patelar ocorra em aproximadamente 5 a 6 casos por 100.000 habitantes a cada ano. Este número tende a ser mais elevado em populações mais jovens e ativas, com uma incidência particularmente alta em atletas envolvidos em esportes de alto impacto, como futebol, vôlei e basquete.
Esse estudo também revela que a luxação patelar é mais comum em pessoas com idades entre 15 e 30 anos, sendo ligeiramente mais frequente em mulheres do que em homens. Este fenômeno é atribuído a diferenças anatômicas e hormonais entre os gêneros.
Diagnóstico por imagem
Radiografias simples e exame de tomografia computadorizada são solicitados para a avaliação dos fatores de risco para a luxação patelar.
Já a ressonância magnética permite a avaliação da cartilagem da patela, do ligamento patelofemoral medial e de eventuais lesões associadas.
3. Lesões no Ligamento Cruzado Posterior
O Ligamento Cruzado Posterior (LCP) conecta o fêmur (osso da coxa) com a tíbia (osso da perna). Esse ligamento auxilia na estabilização do joelho, impedindo que a tíbia se desloque para trás em relação ao fêmur. O LCP também ajuda na estabilização do joelho em um movimento de torção.
Geralmente, a lesão no ligamento cruzado posterior é associada a traumas de maior impacto, como acidentes de trânsito, mas também pode ocorrer durante práticas esportivas de maior contato.
O principal fator para lesão no LCP é o trauma na região da frente da perna, forçando-a para trás em relação à coxa. Isso pode acontecer em diversos momentos, como ao chocar o joelho contra o painel do carro, durante o esporte, pelo choque frontal de um oponente contra a perna durante um esporte de luta, pela queda em acidentes de moto (causa mais frequente da lesão no Brasil) ou pela hiperflexão (esticar demais) do joelho.
Globalmente, as lesões no LCP representam aproximadamente 3% a 20% de todas as lesões de joelho, conforme estatísticas publicadas pelo “Journal of Orthopaedic Surgery and Research“.
Em relação aos acidentes de trânsito, as lesões no LCP são particularmente relevantes. De acordo com um relatório do “Departamento Nacional de Trânsito” (DENATRAN) do Brasil, aproximadamente 22% das lesões graves de joelho em acidentes de trânsito envolvem o LCP. Estas lesões são frequentemente associadas a colisões de alta velocidade, onde o joelho do ocupante impacta o painel do carro, causando um trauma direto na região frontal da tíbia.
Diagnóstico por imagem
Em fase mais aguda, as radiografias são essenciais para o descarte de fraturas por avulsão, isto é, quando o ligamento com lesão arranca um fragmento do osso no local em que está preso.
O exame de ressonância magnética é usado para o diagnóstico da lesão do LCP na fase aguda. Outra opção incluem as radiografias feitas sob estresse, nestes casos, forçando-se a posteriorização da perna para descartar ou não a indicação de cirurgia.
4. Lesões no menisco
O menisco é uma cartilagem do joelho que tem como principal função o amortecimento de cargas, além disso, auxilia no encaixe do fêmur sobre a tíbia. A cartilagem também tem um papel na estabilização do joelho. Um joelho possui dois meniscos: o medial e um lateral.
Grande parte das lesões acontece a partir dos 40 anos, quando os meniscos vão ficando cada vez mais frágeis conforme o envelhecimento e suscetíveis às lesões. Em pessoas mais jovens o problema geralmente está associado a outras lesões, como a ruptura do LCA.
As lesões no menisco podem ser classificadas em traumáticas e atraumáticas. Nos casos traumáticos, o indivíduo apresenta dor súbita após um trauma, geralmente associado a um estalido. Já nos casos atraumáticos, as lesões estão associadas ao desgaste do joelho, incluindo os meniscos, dor que se inicia após um movimento simples, como subir uma escada ou descer do carro.
Um estudo publicado no “American Journal of Sports Medicine” destaca que, na faixa etária entre 15-25 anos, as lesões meniscais são frequentemente relacionadas a atividades esportivas, representando cerca de 61% das lesões de joelho em atletas jovens.
A incidência é particularmente alta em esportes que envolvem contato físico e movimentos de torção, como futebol e basquete.
Conforme dados da “Clinics in Orthopedic Surgery”, na faixa etária entre 26-40 anos, as lesões meniscais começam a refletir uma combinação de atividade física e início de degeneração do tecido.
A incidência de lesões meniscais nesta faixa etária é estimada em 22 casos por 100.000 habitantes por ano.
Segundo o “Journal of Bone and Joint Surgery“, lesões meniscais em idosos são mais frequentemente associadas à degeneração do tecido.
A prevalência de lesões degenerativas do menisco aumenta significativamente após os 50 anos, com taxas de incidência de até 30% nessa população.
Diagnóstico por imagem
A ressonância magnética é o exame padrão ouro para o diagnóstico desta lesão. O exame permite a visualização e a localização do trauma, além de indicar se é mais periférica ou central e o tamanho da lesão. Eventuais lesões associadas, principalmente na cartilagem articular, também podem ser vistas no exame.
A radiografia simples, ainda que permita a visualização do menisco, pode auxiliar a avaliar eventual artrose no joelho, problema que muitas vezes acompanha a lesão no menisco.
5. Tendinite Patelar
O mecanismo extensor do joelho (tendão patelar, patela e musculatura do quadríceps), é encarregado por absorver e transmitir a energia gerada no momento do contato do pé com o chão.
Quando a força colocada sobre o tendão patelar é além do que ele está condicionado, o indivíduo pode desenvolver tendinite patelar. O problema por decorrer em função da fraqueza na musculatura anterior da coxa, erros na técnica de saltos (aterrissagem com o joelho duro), ou pela limitação na mobilidade do quadril ou tornozelo, fazendo com que o esportista tenha a aterrissagem mais dura nos saltos também.
Segundo um estudo do “British Journal of Sports Medicine”, a tendinite patelar afeta aproximadamente 14% dos atletas em geral, com variações dependendo do tipo de esporte praticado.
Em esportes como basquete e voleibol, a prevalência é significativamente maior. Dados da “American Orthopaedic Society for Sports Medicine” indicam que até 44% dos jogadores de basquete e 32% dos jogadores de voleibol podem sofrer de tendinite patelar em algum momento de suas carreiras.
Em comparação, esportes com menor incidência de saltos mostram taxas mais baixas de tendinite patelar.
Diagnóstico por imagem
O tratamento da tendinite patelar pode ser iniciado baseado na queixa clínica do paciente. Caso a dor persista o ultrassom e a ressonância magnética podem avaliar qual é a forma e o local exato do problema.
A importância do médico radiologista subespecialista em musculoesquelético
O médico radiologista subespecializado em musculoesquelético possui um conhecimento mais aprofundado sobre cada estrutura anatômica a ser avaliada e a expertise em diversas patologias que podem acometer o sistema.
Essa experiência e o olhar mais aprofundado permitem um diagnóstico qualificado, com segurança e precisão, auxiliando o médico na tomada de decisão em relação ao tratamento mais adequado para o caso.
Importância do Diagnóstico Precoce
O diagnóstico precoce dessas lesões é fundamental para evitar complicações a longo prazo, como a osteoartrite. Um estudo da “Universidade de São Paulo” (USP) revelou que pacientes que recebem tratamento dentro das primeiras semanas após a lesão têm significativamente melhores resultados a longo prazo.
Além disso, um diagnóstico precoce pode reduzir o tempo de recuperação e aumentar as chances de um retorno bem-sucedido às atividades diárias ou esportivas. A “Journal of Bone and Joint Surgery” reporta que a intervenção precoce pode diminuir o risco de lesões secundárias em até 25%.
Perguntas Frequentes
Quais são as principais causas de lesões no joelho?
As causas mais comuns incluem atividades esportivas que envolvem impacto, torção, ou mudanças rápidas de direção, quedas acidentais, desgaste devido ao envelhecimento e, em alguns casos, acidentes de trânsito.
Como posso saber se lesionei meu joelho?
Sintomas comuns de uma lesão no joelho incluem dor, inchaço, dificuldade em estender ou dobrar o joelho, um estalo ou sensação de deslocamento no momento da lesão, e instabilidade ou incapacidade de suportar peso no joelho.
Quando devo procurar um médico por uma lesão no joelho?
Procure atendimento médico se a dor for severa, se houver inchaço significativo, incapacidade de dobrar o joelho, instabilidade ao caminhar, ou se os sintomas não melhorarem com cuidados caseiros como repouso, gelo, compressão e elevação.
Como saber o tipo de lesões no joelho?
O tipo de lesão no joelho é geralmente determinado por avaliação médica, sintomas relatados pelo paciente, e exames de diagnóstico como radiografia, ressonância magnética ou ultrassom.
Quais são as lesões mais comuns no joelho?
Os tipos mais comuns incluem lesões nos ligamentos (como LCA e LCP), lesões meniscais, tendinite patelar, luxação patelar e fraturas, podendo chegar a um caso de condições degenerativas como a osteoartrite.
Quais exames são utilizados para diagnosticar lesões no joelho?
Os exames mais comuns incluem radiografias, ressonância magnética (RM), ultrassonografia e, em alguns casos, tomografia computadorizada (TC).
Lesões no joelho sempre requerem cirurgia?
Não necessariamente. A necessidade de cirurgia depende do tipo e da gravidade da lesão. Muitas lesões podem ser tratadas com fisioterapia, medicação e modificações na atividade.
Qual é o tempo de recuperação para uma lesão no joelho?
O tempo de recuperação varia dependendo do tipo e da gravidade da lesão, bem como da resposta individual ao tratamento. Pode variar de algumas semanas para lesões leves a vários meses para lesões mais graves ou pós-cirurgia.
Como posso prevenir lesões no joelho?
Medidas preventivas incluem manter uma boa forma física, realizar exercícios de fortalecimento e flexibilidade, usar calçados adequados, evitar sobrecarga e seguir técnicas adequadas durante atividades esportivas.
A fisioterapia é eficaz para lesões no joelho?
Sim, a fisioterapia é uma parte crucial do tratamento para a maioria das lesões no joelho. Ela ajuda a restaurar a força, a mobilidade e a função do joelho.
Posso retomar atividades esportivas após uma lesão no joelho?
Muitas pessoas conseguem retomar suas atividades esportivas após a recuperação de uma lesão no joelho, embora isso dependa do tipo de lesão, da eficácia do tratamento e da reabilitação adequada. É importante seguir as orientações médicas para evitar novas lesões.
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